A violência e a indisciplina

A violência tem ocupado a maior parte do noticiário. Como se diz popularmente: se espremer, sai sangue. Em casa, vivemos cercados por grades, muros, sem falar nos seguranças privados, alarmes, etc. Uma indústria da “insegurança” que nos torna reféns do medo. A discussão está em todos os lugares, e invariavelmente, chega à escola.

Neste sentido, precisamos separar a violência do problema disciplinar. O problema disciplinar bem resolvido na escola ou em casa dificilmente se tornará violência. Todos nós adultos, precisamos observar e tratar com nossas crianças os pequenos delitos, as pequenas agressões. Desde muito cedo, as crianças tendem a querer ganhar no grito, e os adultos por medo, receio ou despreparo acaba cedendo. Com o passar dos anos, as exigências aumentam e o problema disciplinar pode acabar em violência.

O que ocorre é que muitos adultos confundem essas coisas. A escola tem condições, ferramentas, e tem claro em seu regimento como resolver os problemas de disciplina. Atualmente, existem muitos questionamentos para com a autonomia da escola, e isso tem criando muitas dificuldades, o que leva ao aumento dos casos de indisciplina até chegar na violência.

Em relação aos problemas de disciplina nas escolas, acredito na parceria da escola com a família, e tenho certeza que a família tendo conhecimento tomará as providências, colaborará com a escola na solução dos problemas. O que temos hoje, são pais que não sabem bem como lidar com as crianças e adolescentes, sentem-se desautorizados, de mãos amarradas, e acabam querendo que a escola resolva tudo. Isso explica recente pesquisa, que mostra que mais de 80% dos pais esperam que a escola reviste as crianças para verificar se não estão com armas ou drogas. Sendo que para as famílias

seria muito mais fácil fazer isso, já que eles tem uma ou duas crianças. Poderiam revista-los antes de sair de casa.

As tragédias em escolas, que tem atormentado as famílias e a sociedade, são casos isolados e tratam-se de um problema de segurança pública. Afinal, infelizmente estamos sujeitos a violência seja ao ir a um cinema, shopping ou mercado. A escola já tem muito que fazer: ensinar, resolver os problemas de aprendizagem, disciplinares, etc. não cabe a escola resolver o problema da segurança pública. Esta função é estado brasileiro e um direito de todos nós. Como sugestão, uma escola integral até os 14 anos que tirasse nossas crianças e jovens das ruas ajudaria muito em médio prazo, mas para isso precisamos de investimentos e do interesse público. Precisamos urgentemente de apoio do estado, pois estamos acuados com medo e sem saber para quem pedir ajuda.

Ademar Batista Pereira – presidente do Sinepe/PR.


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