Quem já teve a oportunidade de viajar para outros países, seja Europa, Estados Unidos e Ásia vai perceber que não se vê em parte nenhuma do mundo tantas farmácias e igrejas. Será que o brasileiro é mais religioso e mais doente do que os outros povos? Claro que não! Somos mais individualistas e imediatistas do que os outros povos, vejamos:
a) Pela nossa mentalidade, se não concordamos com um partido político, queremos fundar o nosso próprio, no caso da igreja é a mesma coisa, não aceitamos a crença ou não queremos seguir, por qualquer razão, então fundamos a nossa. Por outro lado, também temos a busca imediata do milagre seja ele no estrito sentido da palavra, ou para resolver um problema mais imediato, como álcool, dinheiro, problema com a esposa ou marido, filho que se envolveu com drogas, etc. Não queremos investir na relação, limitar a bebida, ou a comida, educar e cuidar dos filhos. Queremos alguém que resolva nosso problema, nem que para isso, e especialmente, se isso for possível com algum dinheiro. De pronto aparece aquele pastor, que promete resolver, basta você fazer uma oferta, que por seu intermédio o problema será resolvido, e apresenta uma série de exemplos e como chamam “dar o testemunho”.
Se observarmos em outros países, o que temos por exemplo na Alemanha, em quase todas as comunidades, uma igreja católica e uma evangélica (luterana), pois dentro desta cultura, o povo não espera um milagre. Ele primeiro faz sua parte, investe nas relações, cuida e educa os filhos, e a religião e a parte espiritual, importante e necessária para todos os povos.
b) Com as farmácias é a mesma relação: quando vamos ao médico, e no Brasil chamamos os hospitais, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, de sistema de saúde, e sempre vamos buscar nesse sistema a saúde, depois que perdemos. Os médicos por formação, ou até pela força do capitalismo, sempre indicam alguns medicamentos, e são sempre alguns, pois é muito raro você ir ao sistema de saúde e não sair com algumas receitas para mais exames e mais medicamentos. Se a pessoa for mais velha, então é comum ela tomar mais de uma dezena de remédios. Mais uma vez, minha gente, para o que buscamos não existe de forma automática, a saúde e deveria ser nesse foco o nosso sistema de saúde, ter o maior investimento na melhoria da qualidade de vida, alimentação saudável, exercícios, relacionamento, educação, sim educação é parte da saúde, física e mental. Mas isso demora, não é imediato. Então vivemos como se nunca fossemos morrer, e quando chegar a hora, pensamos que será rápido e indolor. Só que não é assim, a velhice chega! Existem medicamentos para muitos males, mas depois que a doença vem a saúde não volta mais. Então vamos mudar, quando formos ao médico ou ao hospital. Vamos nos referir que vamos ao sistema da doença, se achar melhor, diga: vou dar uma passada na indústria da doença e vá ao médico, depois nos laboratórios fazer uma infinidade de exames, depois na farmácia comprar outra infinidade de remédios, depois volte ao médico, e a doença continua e a indústria agradece.
Então, alguém pode me perguntar: “Devemos fechar as farmácias?Claro que não, pois com essa mentalidade iríamos fazer passeatas para ter mais opções, e se o médico quiser comprar o remédio e repassar, daí seria ilegal, pois é considerado venda casada, não, mais problemas não. O que precisamos é mais educação para perceber e ter consciência que saúde e educação são partes de um processo. Mas como faríamos isso? Se a educação que temos é ruim, bem daí é assunto para outros artigos. Mas precisamos refletir que educação não é papel só da escola, muito menos só do professor. É um processo que deve começar em casa, desde pequeno, quando criança que ensinamos a comer, andar, conversar, respeitar, etc, para depois de adulto, termos saúde física pela alimentação adequada e os exercícios que aprendemos, e mental pelas relações que construímos. Em nenhum desses problemas os médicos ou professores poderão mudar muito, portanto educação é um problema de saúde pública.
Ademar Batista Pereira – presidente da FEPEsul (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul) e articulista do site www.esominhaopiniao.com.br.
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