A “metalurgização” dos professores no Brasil

Primeiramente, afirmo que não tenho nada contra os metalúrgicos. Acredito que eles representam uma importante categoria profissional de uma parte da indústria, mas, nesta comparação que trago mostro que o que estão fazendo com os professores é no mínimo triste, para não dizer terrível.

Partindo dessa visão, os líderes sindicais que se denominam trabalhadores da educação, estão tornando a mais nobre das atividades humanas, nem e medicina me parece mais nobre, em apenas mais uma profissão.  Acredito que o professor é o mestre, o educador, é aquele que professa. Ser professor é quase uma missão de vida, acredito que o professor se realiza com o sucesso do outro.

Com a implantação dessa visão de trabalhadores da educação, os professores são levados a fazerem passeatas, baderna, arruaças e deixam os alunos por meses sem aulas, tratando-os como se fossem peças de automóveis, ou algum equipamento que deixaria de ser produzido quando os metalúrgicos fazem greves e paralisam as atividades da fábrica, uma simplificação demasiado forte para a nobreza da atividade.

No mundo todo, sabemos que a atividade de professor não deixa ninguém rico, não quer dizer que não defenda e ache legítimo que os professores devem ter um salário digno, mas o que aumenta a satisfação do professor, são as condições de trabalho (salas limpas e iluminadas, respeito, autonomia, apoio), mas o que vemos no Brasil é uma confusão entre valorização profissional e aumento salarial.

Quando os japoneses pensaram em industrializar o país, o imperador da época, para o valorizar e reconhecer o papel do professor, determinou que este profissional falaria sempre em pé. Atitude contrária ao hábito daquele povo que estava acostumado a se ajoelhar na presença dele, e até hoje isso é feito. Com esse simples gesto, os japoneses demonstram a importância e o respeito que o professor merece.

Quando foi que um presidente ou governador visitou uma escola aqui no Brasil? Em 1995 o presidente Fernando Henrique Cardoso foi em uma escola pública de Campo Mourão, deu aula para uma turma de ensino fundamental. Na época, ele foi bastante criticado por muitos profissionais de educação, ou melhor dizendo, o sindicalista que aos poucos foram desvalorizando a nobre tarefa do educador em formar a próxima geração.

Hoje o Brasil é uma grande república sindical! Quem fala e está presente em qualquer solenidade é o sindicalista ou o representante do trabalhador da educação (um ex-professor, que está há muitos anos longe da atividade docente), sempre com um discurso para o trabalhador da educação, nunca defendendo o professor, o mestre, os milhões que estão nas salas de aulas das milhares de escolas do Brasil, sozinhos, muitas vezes sendo desrespeitado por alunos e familiares. O sindicato ao invés de defender esse princípio básico de autonomia,  faz discursos vazios, sempre levando e comparando com as categorias profissionais que eles aprenderam a defender: os metalúrgicos. Precisamos resgatar o verdadeiro valor dos milhões de professores por esse Brasil afora, e quem sabe o presidente da República ou os governadores do nosso país comecem a visitar escolas e conviver com os verdadeiros professores para que percebam que os professores estão sozinhos, que precisam de ajuda, reconhecimento e respeito.

Ademar Batista Pereira – presidente da FEPESul
(Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul).


Comments

5 respostas para “A “metalurgização” dos professores no Brasil”

  1. Bom dia a todos, concordo com a maior parte dessa publicação, estamos em um país que uma minoria pilantra não tem interesse que tenhamos qualidade na educação, afinal, gente ignorante é mais fácil para explorar, fui muitos anos (Até hj os clientes não largam do meu pé) MOTOFRETISTA PROFISSIONAL, o popular motoboy, e digo uma coisa pra vcs, eu pensava que só setor de motoboy tinha prostituição, mas infelizmente a maior parte trabalhadora desse país de todos os segmentos não se valoriza, picaretagem e prostituição de mercado existe em todas as categorias, umas mais e outras menos, sei o quão duro é ser profissional, ter ética, fazer um trabalho diferenciado, cobrar um preço justo e compatível com a qualidade que somente VC sabe que tem, e vim uma biscate qualquer, e um cliente sem escrúpulo nenhum querendo somente preço e tomar o serviço de vc a troco de nem pagar a despesa que se tem com o negócio, CONCORRÊNCIA ESTÚPIDA E AUTOFÁGICA, mas também sei como é bom o reconhecimento por quem t valoriza e quer qualidade e não liga de pagar um preço justo, seja esse reconhecimento vindo pelo amor, de cada 10 clientes 1 é assim ou pela DOR (os outros 9 rsrsrs) de se ferrar com um desqualificado picareta e ver NA PRÁTICA QUE CARO É O BARATO SEM RESULTADO, infelizmente amigo, muitas vezes a única maneira que há é a manifestação, nada vem na boa, infelizmente as vezes acaba sendo na porrada mesmo, eu acho um absurdo o que fazem hj com os professores, sempre tive EXCELENTES MESTRES, o professor é o pilar da sociedade, fico extremamente triste em ver nóticias que professores foram agredidos em sala por alunos, o que denota a deterioração de outra base importante da sociedade que é a família, agora realmente o amigo Ademar tem razão, lugar de professor é na sala de aula e não na rua brigando por seus direitos.

  2. Boa noite Ademar

    Parabéns pelo texto, você colocou em palavras o pensamento de muitos colegas professores que certamente acreditam que somente o resgate do reconhecimento e respeito por parte da sociedade e das autoridades nos diversos âmbitos poderá nos auxiliar em nossa jornada.

  3. Olá Ademar,
    Parabéns pelos teus artigos. Um deles está na atual edição do Jornal do SINEPE, que começa a ser distribuído.
    Abraços
    Marcelo

  4. Prezado Ademar,
    Mais uma vez parabéns pelo excelente texto e concordo plenamente com sua brilhante analogia.
    Um grande abraço.
    Thiérs

  5. Prezado Prof. Ademar:

    Seu texto é ótimo. Mas, prepare-se para os tomates. E aqui em POA, com a querela das tarifas do transporte, a moda é de inspiração “black bloc”, ou seja, serão pedras e não tomates…

    Abr,

    Jorge L. Müller

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