A Revolução Francesa trouxe diversos avanços para a sociedade ocidental, porém não podemos falar o mesmo em relação Brasil, pois o fundamento da revolução era acabar com a visão monárquica e sua corte em que o cidadão comum ou setor produtivo não tinha direitos, apenas tinha que pagar impostos. Caso ele precisasse da corte, sua postura tinha que ser a submissão, pedir gentilmente, e a corte estava sempre tratando o setor produtivo com desprezo uma vez que a posição de corte real era uma dádiva de Deus, portanto o torna a superior as pessoas comuns chamada de plebe.
No Brasil o que percebemos é algo muito parecido, pois os nossos políticos após eleitos se tornam intocáveis, autoridades acompanhadas por um grupo de cortesãos contratados para paparica-los, jamais discordar e, o mais importante, não deixar a plebe se aproximar ou fazer perguntas embaraçosas. Afinal, sua autoridade e respeito estão acima de tudo.
Temos ainda os funcionários públicos, aqueles contratados por concurso que são chamados de servidor público, e deveria atender o cidadão pagador de impostos como se fosse seu patrão, afinal é o imposto que mantém sua família e seus direitos. Mas, a posição é a mesma da corte imperial da Idade Média, são arrogantes, lentos, pouco eficientes e, muitas vezes, até desrespeitoso. Comportam-se como seres dotados de grande autoridade sobre pequenas coisas como papéis, carimbos e assinaturas.
Se observarmos em todos os setores de atendimento público ao cidadão veremos uma fila com pessoas ansiosas aguardando sua vez. Do outro lado está a corte falando e movendo-se lentamente, analisando uma pilha de papéis e, na maioria das vezes, os detalhes levam a mais uma sala cheia de cadeiras e mais pagadores de impostos aguardando a boa vontade da corte.
Em todas as repartições têm afixado o texto de uma lei em que se o pagador de impostos falar alto ou perder a paciência poderá ser preso.
Assim como na Idade Média o cidadão comum ou a plebe tinha apenas o dever de pagar impostos e se reclamasse poderia ser preso e até enforcado. A plebe não tinha direito a educação, médicos ou qualquer outro serviço, era tratada como escravo pelo sistema.
No Brasil o setor produtivo encontra-se em condições semelhantes. Precisamos urgentemente da nossa Revolução Francesa para acabar com a escravidão do setor produtivo que serve apenas para manter um sistema corrupto e ineficiente. Precisamos perceber que o único serviço público que funciona bem é a máquina de arrecadar impostos. Não podemos esquecer que aqui mesmo no Brasil fizemos a Inconfidência Mineira, o levante conhecido pelo “Quinto”, ou seja, pagávamos 1/5 do que produzíamos de impostos. Precisamos fazer a Revolução dos 2/5.
Ademar Batista Pereira – diretor da Escola Atuação e presidente da FEPEsul (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul)
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